Por IstoÉ
Jéssica Lobo, uma mulher que se identifica como ativista digital, vive em São Paulo e em Missão Velha (CE), cidade que fica a cerca de 504 quilômetros de Fortaleza, onde parte de sua família mora. A influenciadora passou a usar as redes sociais para advogar contra casas de apostas após a sua irmã, Ângela Maria Camilo da Paz, de 39 anos, tirar a própria vida em dezembro de 2023 depois de se viciar em jogos de azar.
De acordo com Jéssica, Ângela da Paz era autônoma, vendia roupas, e tinha três filhos. A mulher passou a utilizar a plataforma Blaze, conhecida por patrocinar diversos influenciadores como Neymar e Jon Vlogs, no intuito de ganhar dinheiro por meio de várias atividades como o conhecido “Jogo do Aviãozinho”. Conforme os parentes, ela se entregou ao vício.
Ângela da Paz tirou a própria vida em dezembro de 2023, de acordo com a família, por chegar ao “limite de seu desespero”. Apenas após a morte, os parentes descobriram que a mulher havia utilizado o nome da própria mãe e do filho de 18 anos para efetuar empréstimos e apostar com tais valores. A quantia gasta pela autônoma supera R$ 300 mil.
Em um vídeo publicado por Jéssica no seu Instagram, ela demonstra os depósitos efetuados por Ângela na Blaze. São 55 páginas, cada uma com 40 transferências para a plataforma, com valores que variam entre 50 e 100 reais. Entretanto, os maiores gastos chegaram a dez mil e 100 mil reais.
Após a morte da autônoma, a família realizou uma caminhada em Missão Velha no intuito de protestar contra os jogos de azar.
O que é o “Jogo do Aviãozinho”?
O Crash, também conhecido como “Jogo do Aviãozinho”, é um dos mais acessados da plataforma Blaze. Funciona da seguinte forma: um avião começa a voar, quanto mais ele sobe, mais dinheiro multiplica. O jogador decide quando parar até surgir a palavra “Crashed”. Caso o apostador não retire a quantia quando aparece a notificação, toda a aposta é perdida.
Jogos de azar são ilegais no Brasil. Em dezembro de 2023, o “Fantástico”, da TV Globo, informou que mais de R$ 100 milhões da empresa foram bloqueados pelas autoridades.
Em nota enviada à IstoÉ, o advogado criminalista Leonardo Magalhães Avelar, que defende a Blaze no Brasil, informou que a plataforma está devidamente licenciada e as atividades de casa de apostas foram regulamentadas pela Lei Federal nº 14.790/2023, em vigor desde dezembro do ano passado.
“A companhia tem altíssimo padrão de profissionalismo e transparência com seus clientes, o que fez com que ela se tornasse uma das principais empresas do setor”, reiterou o advogado, acrescentando que o Ministério Público pediu o arquivamento de inquérito policial que investigava a Blaze por entender que os fatos não configuram ilícito criminal.
Texto publicado originalmente em IstoÉ e reproduzido por Folha de Dourados, VN Explorer e Luciana Pombo.